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" Um público comprometido com a leitura é crítico, rebelde, inquieto, pouco manipulável... " Mario Vargas Llosa















7 de mai. de 2011

Macunaíma - Mário de Andrade - Modernismo

Se possível, assistam ao filme baseado no livro


OBRA> INTRODUÇÃO/ENREDO

Análise - Teotônio Marques Filho  -   Fonte: www.olutador.org.br
      Talvez o paulista Mário de Andrade (1893–1945) seja mais conhecido por sua posição à frente do movimento modernista de 1922 do que propriamente como escritor, embora Macunaíma seja considerada uma obra-prima.
      Muito devemos a Mário de Andrade, pois sua participação no movimento modernista foi de liderança, – liderança corajosa e inteligente, com sua vida inteiramente voltada para a literatura: poesia, ficção, crítica literária, além de outras atividades artísticas como a crítica de artes plásticas, a musicologia e o folclore.
      Das inúmeras obras que escreveu, destacam-se exatamente Macunaíma (1928), Amar verbo intransitivo (1927), Paulicéia desvairada (1922), Losango Cáqui (1926), Clã do Jabuti (1927), Remate de males (1930) e Lira paulistana que foi publicada postumamente, em 1946.
      Segundo informa João Luiz de Lafetá, em "Literatura comentada" (da Abril Educação), "a rapsódia Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, foi escrita por Mário de Andrade, na sua primeira versão, em alguns poucos dias do mês de dezembro de 1926. Polido e repolido, o livro seria editado em 1928, depois de quatro redações, segundo conta o autor em carta ao crítico Tristão de Ataíde. Tanto a rapidez da primeira escrita, quanto os cuidados das três revisões posteriores parecem ter sido não apenas fruto da inspiração, mas também de longos estudos sobre mitologia indígena e sobre o folclore nacional, realizados pelo escritor durante vários anos, além de profundas observações sobre os costumes e a língua cotidiana dos brasileiros. O resultado foi sua obra-prima, uma narrativa de estrutura inovadora, ao nível do enredo, da caracterização das personagens e do estilo.
      Para Haroldo de Campos, o livro é uma "história de busca" e se compõe de dois grandes movimentos. No primeiro, temos a "situação inicial", onde são apresentados o herói Macunaíma, sua mãe e seus irmãos, Maanape e Jiguê, índios tapanhumas, vivendo às margens do mítico rio Uraricoera. A situação inicial é rompida com a morte da mãe e a partida dos três irmãos, que abandonam terra natal em busca de aventuras. Macunaíma encontra Ci, Mãe do Mato, rainha das Icamiabas, tribo de amazonas. Depois de dominá-la (com a ajuda dos irmãos), faz dela sua mulher, tonando-se assim imperador do Mato Virgem. Mas quando tem um filho e esse morre, Ci morre também e é transformada em estrela. Antes de morrer dá a Macunaíma um amuleto, a muiraquitã (pedra verde em forma de sáurio), que ele perde e que vai parar nas mãos do mascate peruano Venceslau Pietro Pietra, o gigante Piaimã, comedor de gente. Como o gigante mora em São Paulo, a cidade macota do igarapé Tietê, Macunaíma e seus irmãos descem no rio Araguaia e vão para lá, na tentativa de recuperar a muiraquitã.
      A maior parte do livro se passa em São Paulo, e é constituída pelos diversos embates de Macunaíma com Venceslau Pietro Pietra, embates entremeados pela sátira deliciosa de aspectos da vida paulistana (e brasileira). No final desse primeiro movimento (de acordo com a divisão proposta por Haroldo de Campos), Macunaíma consegue matar o gigante e recuperar o amuleto, partindo de volta para o Uraricoera.
      O segundo movimento relata o antagonismo entre Macunaíma e Vei, a deusa-sol, que a certa altura da narrativa oferecera ao herói uma das suas três filhas em casamento. Macunaíma, entretanto, ao se ver sozinho na jangada de Vei, sai a passeio, encontra uma varina portuguesa e põe-se a namorá-la, perdendo assim a possibilidade de casamento e aliança com Vei. Trata-se, como o próprio Mário de Andrade explicou, de uma alegoria dos destinos do Brasil, que abandonara as possibilidades de construir uma grande civilização tropical (baseada na aliança solar) e enveredou pelos caminhos europeus. Ao fim da narrativa, vem a vingança de Vei: ela manda um forte calor, que estimula a sensualidade do herói e o lança nos braços de uma uiara traiçoeira, a qual o mutila e faz com que ele perca de novo – dessa vez irremediavelmente – a muiraquitã.

 Veja a página de resumos a síntese da obra