LER É BACANA

" Um público comprometido com a leitura é crítico, rebelde, inquieto, pouco manipulável... " Mario Vargas Llosa















29 de abr. de 2011

Modernismo brasileiro– 1ª Geração



Iniciou-se no Brasil com a SEMANA DE ARTE MODERNA de 1922. Mas nem todos os participantes da Semana eram modernistas: o pré-modernista Graça Aranha foi um dos oradores. Apesar de não ter sido dominante no começo, como atestam as vaias da plateia da época, este estilo, com o tempo, suplantou os anteriores. Era marcado por uma liberdade de estilo e aproximação da linguagem com a linguagem falada; os de primeira fase eram especialmente radicais quanto a isto.
Divide-se o Modernismo em duas fases: a primeira fase, mais radical e fortemente oposta a tudo que foi anterior, cheia de irreverência e escândalo; uma segunda mais amena, que formou grandes romancistas e poetas. Uma terceira, é definida por alguns autores, mas chamada também de Pós-Modernismo por outros estudiosos.

Momento histórico
·   Início do século XX: apogeu da Belle Époque. O burguês comportado, tranqüilo, contando seu lucro. Capitalismo monetário. Industrialização e Neocolonialismo.
·   Reivindicações de massa. Greves e turbulências sociais. Socialismo ameaça.
·   Progresso científico: eletricidade. Motor a combustão: automóvel e avião.
·   Progresso: concreto armado: “arranha-céu”. Telefone, telégrafo. Mundo da máquina, da informação, da velocidade.
·   Primeira Guerra Mundial e Revolução Russa.
·   Abolir todas as regras. O passado é responsável. O passado, sem perfil, impessoal.
·   Arte Moderna. Inquietação. Nada de modelos a seguir. Recomeçar. Rever. Reeducar. Chocar. Buscar o novo: multiplicidade e velocidade, originalidade e incompreensão, autenticidade e novidade.
·   Vanguarda - estar à frente, repudiar o passado e sua arte. Abaixo o padrão cultural vigente.

Primeira fase Modernista no Brasil (1922-1930)Caracteriza-se por ser uma tentativa de definir e marcar posições. Período rico em manifestos e revistas de vida efêmera.

É a fase mais radical justamente em conseqüência da necessidade de definições e do rompimento de todas as estruturas do passado. Caráter anárquico e forte sentido destruidor.
Principais autores desta fase:
·               Mário de Andrade,
·               Oswald de Andrade,
·               Manuel Bandeira,
·               Antônio de Alcântara Machado,
·               Menotti del Picchia,
·               Cassiano Ricardo,
·               Guilherme de Almeida e Plínio Salgado.

Características

·   busca do moderno, original e polêmico
·   nacionalismo em suas múltiplos modos
·   volta às origens e valorização do índio verdadeiramente brasileiro
·   “língua brasileira” - falada pelo povo nas ruas
·   paródias - tentativa de repensar a história e a literatura brasileiras

O nacionalismo apresenta-se em duas formar:
·   nacionalismo crítico, consciente, de denúncia da realidade, identificado politicamente com as esquerdas.
·   nacionalismo ufanista, utópico, exagerado, identificado com as correntes de extrema direita.

Manifestos e Revistas

Revista Klaxon — Mensário de Arte Moderna (1922-1923)

Recebe este nome, pois klaxon era o termo usado para designar a buzina externa dos automóveis. Primeiro periódico modernista, é consequência das agitações em torno da SEMANA DE ARTE MODERNA.
“— Klaxon sabe que o progresso existe. Por isso, sem renegar o passado, caminha para diante, sempre, sempre.”

Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924-1925)

Escrito por Oswald de Andrade e publicado  no Correio da Manhã. Em 1925, é publicado como abertura do livro de poesias Pau-Brasil de Oswald. Apresenta uma proposta de literatura vinculada à realidade brasileira, a partir de uma redescoberta do Brasil.
“— A poesia existe nos fatos. Os casebres de açafrão e de ocre nos verdes da Favela sob o azul cabralino, são fatos estéticos.”
“— A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos.”

A Revista (1925-1926)

Responsável pela divulgação dos ideais modernistas em MG. Teve apenas três números e contava com Drummond como um de seus redatores.

Verde-Amarelismo (1926-1929)

É uma resposta ao nacionalismo do Pau-Brasil. Grupo formado por Plínio Salgado, Menotti del Picchia, Guilherme de Almeida e Cassiano Ricardo. Criticavam o “nacionalismo afrancesado” de Oswald. Sua proposta era de um nacionalismo primitivista, ufanista, identificado com o fascismo, evoluindo para o Integralismo de Plínio Salgado (década de 30). Idolatria do tupi e a anta é eleita símbolo nacional. Em maio de 1929, o grupo verde-amarelista publica o manifesto “Nhengaçu Verde-Amarelo — Manifesto do Verde-Amarelismo ou da Escola da Anta”.

Manifesto Regionalista de 1926

1925 e 1930 é um período marcado pela difusão do Modernismo pelos estados brasileiros. Nesse sentido, o Centro Regionalista do Nordeste (Recife) busca desenvolver o sentimento de unidade do Nordeste nos novos moldes modernistas. Propõem trabalhar em favor dos interesses da região, além de promover conferências, exposições de arte, congressos etc. Para tanto, editaram uma revista. O regionalismo nordestino conta com Graciliano Ramos, José Lins do Rego, José Américo de Almeida, Rachel de Queiroz, Jorge Amado e João Cabral - na 2ª fase modernista.

Revista Antropofagia (1928-1929)

Contou com duas fases (dentições): a primeira com 10 números (1928 e 1929) direção Antônio Alcântara Machado e gerência de Raul Bopp; a segunda foi publicada semanalmente em 16 números no jornal Diário de São Paulo (1929) e seu “açougueiro” (secretário) era Geraldo Ferraz. É uma nova etapa do nacionalismo Pau-Brasil e resposta ao grupo Verde-amarelismo. A origem do nome movimento esta na tela “Abaporu” de Tarsila do Amaral.
1ª fase - inicia-se com o polêmico manifesto de Oswald e conta com Alcântara Machado, Mário de Andrade (2º número publicou um capítulo de Macunaíma), Carlos Drummond (3º número publicou a poesia “No meio do caminho”); além de desenhos de Tarsila, artigos em favor da língua tupi de Plínio Salgado e poesias de Guilherme de Almeida.
2ª fase - mais definida ideologicamente, com ruptura de Oswald e Mário de Andrade. Estão nessa segunda fase Oswald, Bopp, Geraldo Ferraz, Oswaldo Costa, Tarsila, Patrícia Galvão (Pagu). Os alvos das críticas (mordidas) são Mário de Andrade, Alcântara Machado, Graça Aranha, Guilherme de Almeida, Menotti del Picchia e Plínio Salgado.
“SÓ A ANTROPOFAGIA nos une, Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. / Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. / De todos os tratados de paz. / Tupi or not tupi, that is the question.”                     (Manifesto Antropófago)
“A nossa independência ainda não foi proclamada. Expulsamos a dinastia. É preciso expulsar o espírito bragantino...” (Revista de Antropofagia,nº 1)

Estude pelo livro – da pág. 273 até 300